Bowers & Wilkins e a origem do som real

Deixem que vos apresente o mais consagrado dos estúdios:

Abbey Road é um símbolo da indústria da música e da cena musical britânica dos últimos 75 anos. Neste estúdio foram criadas incontáveis gravações que marcaram gerações e a elas estão igualmente ligadas inovações pioneiras, nos processos, tecnologias e equipamentos de gravação.

Desde a sua abertura, muitos dos artistas mais celebrados em todo o mundo colaboraram com Abbey Road, dos Beatles, Pink Floyd, Oasis, U2, Kate Bush, Take That, Cliff Richards aos classicos como Yehudi Menuhin, Herbert Von Karajan, Maria Callas, Placido Domingo e José Carreras apenas para falar de alguns.

Cronologia:

1931 - Abriram em Novembro e no estúdio 1, Sir Edward Elgar conduziu a London Synphony Orchestra na primeira sessão do estúdio.

1944 - Durante a guerra e com a BBC fechada, o estúdio é visitado por Glenn Miller que com a banda dos Aliados gravaram uma série de títulos, poucas semanas antes da sua morte.

1958 - Sir Cliff Richards faz um contrato com etiqueta Columbia e grava o seu primeiro single, inventando com ele o Rock ‘n’ Roll Britânico.

1960 - George Martin grava vários comediantes incluindo Peter Sellers, Benny Hill e Charlie Drake e desenvolve novas técnicas de gravação utilizando efeitos sonoros que mais tarde viriam a ser utilizados com os Beatles.

1962 - Os Beatles fazem uma gravação de teste em Abbey Road e nos sete anos seguintes mudam a indústria discográfica e o mundo.

1973 - Os Pink Floyd completam ‘ Dark Side of the Moon’ e Paul McCartney regressa aos estúdios para produzir 3 álbuns.

1980 - Abbey road estabelece-se como local principal para gravação de bandas sonoras e grava Star Wars com John Williams, a trilogia do Senhor dos Anéis, Braveheart com James Horner, Shrek, Príncipe Caspian e a série de Harry Potter.

1990 - Trouxe bandas como os Radiohead, Manic Street Preachers, Texas e os Blur.

2006 - Assistiu ao lançamento da série Live from Abbey Road transmitido a partir dos estúdios, com inúmeros músicos consagrados e distribuído para mais de 130 países.

2009 - A EMI lança o catálogo de gravações originais dos Beatles, remasterizados num período de quatro anos, utilizando tecnologia de gravação de ponta, em simultâneo com equipamento de estúdio vintage, mantendo-se cuidadosamente a autenticidade e integridade das gravações originais.


Serve esta introdução para vos contar, que devo ser um dos poucos privilegiados, que já teve a oportunidade de visitar Abbey Road mais do que uma vez e não deixo de ter sempre a sensação que estou a entrar numa qualquer máquina do tempo que me leva para épocas passadas.

Os corredores de Abbey Road estão repletos de fotos antigas, muitas a preto e branco, mas todas elas congelando no tempo… ora uma expressão de Ella Fritzerald, um momento de intimismo entre Paul McCartney e a sua guitarra, ora a cumplicidade dos Beatles ou dos Pink Floyd numa das suas muitas sessões de gravação. Fotografias salpicadas aqui e ali por posters de filmes épicos como a ‘Guerra das Estrelas’ ou o ‘O Senhor dos Anéis’, que ainda recentemente nos maravilharam, mas que nos desconcentram desses tempos passados da música e nos trazem de volta aos modos de entretenimento modernos.

Afinal Abbey Road, sendo uma das muitas fábricas de sonhos musicais, é seguramente a que possui mais prestígio e tradição.

Mas ir a Abbey Road também dá que pensar. Afinal o meio audiófilo que se move tanto por campos subjectivistas, que nos remetem às habituais discussões de como deve soar a coluna A, B ou C, encontra ali um paradoxo. Um estúdio como este, tendo um legado e uma responsabilidade desta natureza, jamais se deixaria manipular por uma qualquer jogada de marketing que o fizesse ‘ter’ de trabalhar com uma determinada marca de colunas. Se não é ‘alta fidelidade’ na verdadeira acepção da palavra (e não no conceito tantas vezes banalizado por um qualquer electrodomésticos dos nossos dias), não pode servir para monitorizar algumas das obras mais importantes que nos passam pelas mãos.

Se uma das principais imagens de marketing da B&W passa pela fotografia das suas colunas no estúdio 1, a realidade é que a presença da marca naquele estúdio vai muito para além das meras questões de imagem, já que a quando da minha última visita pude constatar que outros espaços estavam igualmente repletos de colunas B&W em pleno funcionamento.

Infelizmente somos nós, com os nossos sistemas limitados, idas a concertos de quando em vez, e preconceitos impostos pelo meio audiófilo, quem tantas vezes coloca em causa a capacidade de quem compara diariamente, o real com o reproduzido.

Podemos 'defender' os nossos 'brinquedos’, gostar mais de um determinado tipo de reprodução ou tecnologia, podemos até considerar-nos com melhor ouvido para sons ou para música, mas isso nada tem que ver com alta-FIDELIDADE, apenas com som mais ou menos bom e mais ou menos ao nosso gosto.

E já que estamos a falar em estúdios, porque não aproveitar para 'visitar' mais alguns espalhados por esse mundo fora, a começar por Portugal:

Ganho do Som

EP Produções

 

AllStudios

Skywalker

SonicKorea



SoundMirror



StudioAmesterdam

SunshineMastering

Synchronia

Conduction Mastering

SevenSeas

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